Que tipo de emigrante somos?

A Associação de Solidariedade Imigrante (SOLIM) teme que os trabalhadores tailandeses que têm estado a chegar em massa a Portugal possam ser vítimas de “mafias encapotadas a actuar no seu país de origem”. “São situações muito difíceis de provar mas temos vários indícios de queixas a esse nível, o facto de se tratar de uma comunidade “muito fechada” dificulta o controlo dos “fenómenos de exploração”.

Nos últimos dois anos chegaram a Portugal cerca de 450 trabalhadores agrícolas provenientes da Tailândia. São contratados pela empresa DFRM Internacional e vieram com contratos de trabalho por um ano e com salário de 450 euros – cerca de 10 vezes mais do que aquilo que receberiam na Tailândia. O negócio inclui também a oferta de alojamento, normalmente casas com condições de higiene precárias, habitadas por seis ou sete pessoas. “Estas contratações maciças no país de origem são feitas de forma legal, com toda a documentação tratada”, reconhece Alberto Matos, que, no entanto, receia a eventual actuação de mafias no recrutamento local desta pessoas. Isto é na Tailândia. “Nalguns casos, parece que estão a pagar pesadas dívidas no seu país de origem, um tributo sobre o grande favor que lhes fizeram de os trazer para cá”, assinala.

À SOLIM terão também chegado suspeitas de “exploração” relacionadas com alegados incumprimentos salariais. Roni Meluka, proprietário da DFRM Internacional, assegurou que tudo é feito de acordo com a legislação dos dois países. Em Portugal, começou por fornecer trabalhadores para a apanha de morangos, frutas e flores no litoral alentejano (região onde se encontram dois terços dos tailandeses que vieram para Portugal), mas hoje já tem contratos com empresas hortofrutícolas em várias regiões do país, sobretudo no Montijo e em Torres Vedras.

Para além dos asiáticos, a SOLIM está também preocupada com o número crescente de cidadãos europeus, como romenos e búlgaros, prisioneiros das redes de mão-de-obra escrava. Embora não existam dados estatísticos, a associação garante que nos últimos meses teve conhecimento de diversos casos de exploração laboral, facilitada pelo facto de serem trabalhadores comunitários e, por isso, beneficiarem de livre circulação no espaço europeu.

“A livre circulação, que é uma coisa boa, transformou-se nalguns casos em livre exploração, sem qualquer registo nem pagamento de impostos ou respeito pelos direitos humanos”, alerta Alberto Matos, preocupado com um fenómeno que “deveria merecer uma particular atenção” por parte dos governos europeus. Recrutados por grupos de antigos militares e polícias que “controlam estas novas mafias”, romenos e búlgaros chegam por períodos de tempo inferiores a dois meses, trabalham em explorações agrícolas do Alentejo, por vezes sem salário, sobrevivem em condições desumanas e depois são levados para outras paragens, como Espanha ou o Sul de França. “Não chegam a registar-se, não descontam para a Segurança Social e por vezes não só não lhes pagam como ainda lhes batem.

Isto está a passar-se bastante e em vários pontos do país”. Uma destas “pseudo-empresas” de trabalho temporário, gerida por um “empresário” romeno que se encontra referenciado pela Autoridade para as Condições de Trabalho é suspeita de estar envolvida em situações de recrutamento de trabalho escravo, extorsão de salários e violência física sobre trabalhadores. Num dos casos que se encontra em investigação, a GNR identificou 11 romenos que viviam em condições degradantes numa casa na aldeia de Selmes, Vidigueira. Descalços, sujos e famintos eram forçados a deslocar-se diariamente dezenas de quilómetros para trabalhar em explorações agrícolas da região.

Com base em notícia do “DN”

6 comentários a “Que tipo de emigrante somos?

  1. Uma verdade que choca e revolta qualquer cidadao.
    Merece seja divulgada para as pessoas tomarem consciencia dos perigos que esta EUROPA nos
    proporciona.Fome,Miséria,Guerra.
    Vou ajudar na divulgaçao.

    J.R.

  2. Obrigada pelas lágrimas que fizeste brotar dos meus olhos!
    Obrigada por ajudares a contribuir para reforçar a minha consciência de comunista.
    Obrigada por, mais uma vez, estimulares a procura à resposta : Porque é que não gostam dos comunistas?

  3. A realidade é que nos últimos 4 anos, sabendo que daqueles que emigram só uma percentagem mínima se preocupa com o seu recenseamento, o aumento do número de novos recenseados nas regiões consulares é de 20.000 trabalhadores. Voltamos assim a constituir esse exército de formigas que ajudaram a construir esta europa madrasta.
    Não só ao descrito neste texto, mas também à realidade dos trabalhadores migrantes no contexto global, tal como na fotografia, a proclamada defensora dos carenciados, a igreja, continua de costas viradas. Asseverando dessa forma, uma vez mais, que o futuro dos homens está nas suas próprias mãos, não em contos e promessas divínas, e que, só unidos, na coragem, poderemos transformar o mundo.

    O PCP é o exemplo maior dessa congregação de vontades, a única força capaz de debelar e contrariar os ataques do imperialismo à condição humana, o Marxismo-Leninismo a sua guia, a nossa mobilização a sua força.

  4. A dura realidade da dita “Europa amiga”, apenas preocupada com obtenção do lucro, tratando seres humanos como objectos descartáveis. Consequência das políticas neoliberais. Até quando ?

  5. Num mundo tão “civilizado” são possíveis situações de escravatura,ainda por cima conhecidas de todos os governos.O que fazem estes senhores tão “civilizados” para acabar com estes problemas?NADA! A única preocupação é “globalmente” tornarem mais difíceis as condições de TODOS os trabalhadores,sejam nacionais ou emigrantes, e darem lucros “globais” a quem é permitido explorar…
    Enquadrados pelo único Partido que combate realmente este flagelo, e unidos, poderemos dar luta aos exploradores e aos governos que lhes dão livre trânsito.

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